quarta-feira, 13 de junho de 2012

Take Shelter (Jeff Nichols)


Procuram Abrigo é a história de um marido e pai que começa a ter sonhos assustadoramente reais de uma tempestade apocalíptica, tão reais que ele acredita que essa tempestade está para vir. O problema, como seria de esperar, é que ninguém acredita nele. Os seus esforços para se preparar para a tempestade dos seus sonhos fazem com que ele seja visto como um lunático.

Trata-se de um filme muito mais negro do que dá a entender, mais dramático e, bem, mais parado do que um thriller normal. Esta é a história de um homem no princípio do que parece ser uma doença mental, esquizofrenia. Não é um filme com grandes cenas apocalípticas e o que tem de assustador é a noção de um homem com uma vida normal e que teme que isso acabe de um dia para o outro.
Tem, contudo, muito suspense. O suspense da verdade. O suspense do incerto. Será que virá aí alguma tempestade? Será que não é mais do que um homem à beira de um colapso mental? O que acontecerá a ele? O que acontecerá à família, que apesar de tudo e todos o apoia? Muitas as perguntas, mas é muito mais importante apreciar o filme do que respondê-las. É desse suspense que o filme é feito, é tentando manter esse suspense que vamos conseguir atravessar este filme.

Achei um filme consideravelmente negro e muito dramático. O que, confessemos, não é nada transmitido pelo póster oficial.


Não é possível vê-lo como um filme sobre um profeta. É sim um filme que discute o início da doença mental, que discute a situação do doente mental e das pessoas que o rodeiam, principalmente a sua família e vizinhos. Acredite ou não nas suas visões, todo o filme é isso e nada mais.

Michael Shannon presenteia-nos com uma actuação principal poderosa e credível, assim como Jessica Chastain confirma ser uma das melhores actrizes da nossa geração, como mulher da personagem principal.  Um dos temas fortíssimos do filme é a relação dele com a sua mulher. Jessica Chastain, por momentos, torna-se uma personagem principal por retratar tão bem a sua situação junto de um marido suspeitosamente louco, o quanto tem de ultrapassar para conseguir apoiá-lo.

Apesar de tudo, embora obviamente a crítica profissional adore este filme, talvez seja mais discutível entre visualizadores comuns. Da minha parte, vale a pena. Gostei muito do filme, é diferente e apesar de não me ter marcado profundamente não o vou, nem quero, esquecer. Contudo, é um filme relativamente lento e só é possível discutir sobre o filme se chegarmos ao fim. Aliás, como é muito hábito actualmente, o final é extremamente discutível (gostava que saísse um filme com um final verdadeiramente fechado para variar) e que, dependendo de cada um, faz-nos ver todo o filme de uma forma bastante, bastante diferente. Alguns gostam, outros odeiam. O próprio realizador disse que cada um deve tirar as suas conclusões, mas o final está escrito de tal forma que apenas acaba por pôr em causa a credibilidade do seu filme. A minha sugestão: não pensem demasiado. Por vezes o que está à nossa frente está mesmo à nossa frente.
Ou por vezes não.


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