sábado, 9 de junho de 2012

J. Edgar (Clint Eastwood)


J. Edgar Hoover foi o primeiro Director do FBI durante quase 30 anos, desde que o Departamento foi fundado até à sua morte. As suas acções foram determinantes para tornar não só o FBI como a maior agência de combate ao crime, mas após a sua morte ficou também envolto em polémica quando foram reveladas algumas das suas acções secretas, por vezes ilegais, sempre em prol do FBI e daquilo que ele acreditava ser o necessário para a paz do seu querido país.

J. Edgar reflecte não o percurso do FBI mas sim o percurso do seu director. O que não faz mal. É uma biografia sobre Hoover, é a história de J. Edgar, como director e pessoa, não do FBI em si. Deixou-me com vontade de conhecer melhor o departamento e as suas acções, mas abrange toda a vida profissional e pessoal de Hoover e, para mim, é tudo aquilo que um filme biográfico deve dar.

Leonard DiCaprio oferece o seu melhor papel até à data. Mais do que encarnar Hoover, encarna uma pessoa dura consigo própria e com os outros, implacável nos seus objectivos, o homem mais poderoso do país, mas ao mesmo tempo emocionalmente confuso, um homossexual (ou bissexual? Sexualmente confuso) "dentro do armário", cuja educação (a mãe) não ajudou para estabilizar os seus sentimentos. Uma performance estrondosa que poderia ter ganho qualquer prémio (Jean Dujardin, de O Artista, arrecadou quase todos os prémios, mas DiCaprio teria sido muito, muito mais merecedor).

Há quem se queixe que o filme se centra demasiado na sua relação com o seu braço direito, Clyde Tolson (Armie Hammer), por quem ele se encontrava apaixonado. Não acho. O filme fala tanto da sua vida como Director do FBI como também da sua vida pessoal, e é bastante completo em ambos os sentidos (ao contrário de A Dama de Ferro, que parece não conseguir decidir-se sobre o que quer falar). E a história de amor está tão bonita como outra qualquer, ainda que os seus sentimentos sejam sempre reprimidos.

Fica a vontade de conhecer ainda mais a história do FBI e todos os casos em que se envolveu.
Todos os actores estão excepcionais. É um prazer ver Naomi Watts num papel secundário, um pouco mais escondido, mas sempre notável. Não é o melhor filme realizado por Clint Eastwood, mas a história em si e os actores fazem-nos esquecer sobre esse assunto.
Ponto negativo: a maquilhagem. Enfim, Naomi Watts (a secretária de Hoover) e o próprio Hoover não estão muito mal caracterizados, mas o idoso Clyde Tolson parece ter uma máscara na cara.
Gostei. E é um "gostei" sólido.


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