sábado, 23 de junho de 2012

Prometheus (Ridley Scott)


Prometeus: aquele que quis aproximar o Homem dos Deuses. Foi bem sucedido? Bem, nós Homens passámos a controlar o fogo, mas não correu nada bem para ele.

Prometheus é o regresso de Ridley Scott ao género de ficção-científica que ele criou. O hype à volta do filme é descomunal como seria de esperar.

Visualmente é perfeito, pelo menos dentro da promessa de filmes de ficção-científica. Não há sequer aquelas grandes explosões típicas e os seus grandes efeitos especiais. Não precisa. Vem provar que um filme destes pode ser visualmente muito moderno e clássico ao mesmo tempo, sem cair nessas artimanhas visuais para nos afastar da sua história ou do resto do cenário. Clássico, mais uma vez, dentro dos produtos de civilizações extraterrestres e seres fascinantemente horripilantes.
O 3D não é desperdiçado. Geralmente acho que o 3D não acrescenta nada ao filme, chegando aliás a fazê-lo perder a sua qualidade. Neste caso, mesmo sem acrescentar muito, também não tira nada, aconselho. Enfim, perfeição visual, que todos adoramos.

Mas será este filme um clássico? Boa pergunta.
Talvez não.

Apesar do seu visual, a história não é tão bem trabalhada como se esperava.
O hype extraordinário deste filme deve-se sobretudo a duas coisas: o regresso do realizador à safa de Alien (esta é uma prequela) e as questões que levanta: a origem da vida, o sentido da vida, o nosso papel no Universo.
Quanto ao primeiro ponto, é sem dúvida uma prequela que vem completar o passado do alien: de onde vem, o que é. Mas isso é pouco relevante para o filme em geral, que consegue afirmar-se como um filme único.
Quanto ao segundo ponto... São dadas de facto muitas perguntas dentro desse tema. Muitas mesmo. E são dadas ainda mais perguntas em relação aos seres extraterrestres que eles encontram no planeta (de onde é que esses vêm, o que é tudo aquilo que eles encontram pelo caminho). Mas poucas, muito poucas, praticamente nenhumas, são respondidas. O que custa muito. Quase que nos faz desejar que o filme não passasse de uma prequela e não tentasse ser um filme único por si só.

Tem um enredo relativamente simples e frequente dentro do género, ainda que com as suas variantes. Não deixou de surpreender e algumas cenas estão bem feitas, cenas que nos vão fazer lembrar do filme como nos lembramos de Casablanca com o seu "We'll always have Paris". Mas não é um filme inteligente, como se esperava. Perguntas todos colocamos, mas poucos filmes tentam respondê-las. Era isso que queríamos daqui, alguma teoria, e não temos nada disso. Só mais perguntas sem resposta.

O filme torna-se vulgar. Elegante, mas absolutamente vulgar. É assustador? Tem os seus sustos para quem é mais sensível suponho.

Talvez a sua sequela (sim, poderá haver um Prometheus 2) seja esse épico prometido.

É Michael Fassbender, no papel de um robô criado pelo Homem, uma máquina sem sentimentos, tão afastada da mentalidade humana mas de cuja interacção vai depender tanta coisa deste filme, e Noomi Rapace, no papel de uma crente na fé, a mulher que descobriu a terra alienígena, que emprestam ao filme o seu melhor. São actores extremamente dotados que se tornaram as suas personagens. São a antítese um do outro, o que por si só gera uma série de discussões, sobretudo teológicas. David, a personagem de Michael Fassbender, desperta em nós sentimentos contraditórios, como aliás é suposto, e não sabemos se havemos de gostar dele ou não. Sem dúvida, ambos são o ponto alto do filme.



P.S.: a caracterização de Guy Pearce (que tem o papel de um idoso muito, muito idoso) está vergonhosa. Custava assim tanto contratar um actor de facto idoso?

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